A religiosidade e a espiritualidade do Vampirismo

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A religiosidade e a espiritualidade do Vampirismo

Postby The Madame X » Sun Jan 10, 2010 2:37 pm

A religiosidade e a espiritualidade do Vampirismo
Por Madame X (c)2010

Para muitos, vampirismo é apenas drenar energia vital, quer seja sangue ou prana... mas para outros, o Vampirismo é algo mais profundo, espiritual.

Hoje em dia os vampiros de hoje podem ser religiosos como agnósticos ou ateus. E, se bem que se diz que o Luciferianismo e o Satanismo está ligado aos vampiros, não é bem assim. Muitos são Cristãos, Taoistas, Budistas, etc. O Vampiros de hoje existem dentro de todas as religiões e seguem diversas formas de espiritualidade. Dentro do Vampirismo falamos de certos termos como de ‘comunhão’, ‘santuário’, ‘templo’ que nos lembram de algo bem espiritual. Dentro do Vampirismo falamos dos Antigos, dum sistema de éticas chamado O Véu Negro ou seja The Black Veil, das origens e do futuro da humanidade. Por isso muitos pensam que o Vampirismo é uma religião.

Uma Filosofia

Muitos dizem que o Vampirismo é simplesmente uma filosofia. Uma filosofia que em si não é religião, mas um modo de combinar e vivenciar o arquétipo espiritual do vampiro e em simultâneo existindo na condição e experiencia vampírica; que tem as suas próprias tradições, filosofias, magia cerimonial, trabalho de energia, expressão espiritual etc. Há sim elementos neste sistema que podem ser considerados idênticos a uma religião de certos pontos de vista, mas o fato é que todas as culturas e sociedades têm a sua própria forma de espiritualidade, música, agrupamentos, dias de cerimonia, arte, rituais, filosofia, tradições, éticas e formas de expressão. Até mesmo as ordens maçónicas e outras fraternidades sociais têm tais elementos para unir os seus membros. Na sociedade vampírica, é com o indivíduo se acredita ou não uma deidade, se pratica ou não um caminho religioso e se permanece agnóstico ou ateu.

A filosofia vampírica acolhe todas estas divergências, entendendo que esses pontos de vista contêm verdades que podem continuar a ensinar e fortalecer a filosofia vampírica em si. É esta diversidade e mente aberta que enriquece e empodera a sociedade vampírica. É esta visão mais ampla que nos deixa ver os ciclos e parecenças entre tudo aquilo que é vida, entre todos os povos, todas as crenças e entre tudo o que sabemos existir no universo.

Os Paradigmas

Um paradigma é uma escola de pensamento ou um sistema de crenças e convicções. Religiões, movimentos espirituais assim como escolas de estudos de oculto são freqüentemente referidas pelo termo paradigma. Os paradigmas podem cruzar-se e intercalarem-se, podem também evoluir e transformar.

O Vampirismo poderá sim ser um sistema espiritual e um paradigma desde que encoraje a exploração do melhor sistema de crenças individual... ou seja de um sistema de crenças que encaixe tanto com a pessoa e as suas necessidades espirituais e religiosa assim como com as necessidades do Vampirismo. Por isto mesmo, muitos acham que o Vampirismo não é nem uma religião, nem uma filosofia mas sim um paradigma espiritual que utiliza a flexibilidade da realidade e a convicção como uma ferramenta, e que pode ser misturado e encaixado dentro outros paradigmas, aberto a cada e todas as interpretações individuais. È bom ter em mente que "a convicção é uma ferramenta", que a nossa realidade é flexível e maleável onde nós mesmos podemos moldar a nossa realidade de acordo com a nossa vontade. Este tipo de maneira de pensar é fundamental na pratica de magia.

Vamos então analisar alguns pontos específicos de 3 paradigmas comuns aceites por muitos Vampiros. Começaremos então pela primeira religião, ou seja pela primeira forma de espiritualidade que é Xamanismo.

O Xamanismo

Muitos consideram os Xamãs como os primeiros vampiros. O Xamanismo é uma forma primitiva de religião ou magico-religiosidade praticada pelos povos aborígenes e indígenas espalhados por muitas partes do mundo. O Xamanismo consiste não só de cerimónias exóticas e supersticiosas, mas é um certo modo primitivo de observar e interpretar o mundo exterior da Natureza e o mundo interior que é a alma. Muito pode ser dito sobre Xamanismo, mas o que é certo é que tanto o Xamã como o Vampiro caminham entre os mundos e para ambos os caminhos, há uma chamada. No princípio ambos sentem uma alteração interna, um despertar, e começam a se sentir diferente dos outros, adoptando um novo entendimento: que não existe nem o bom nem o mau.

Nem o sagrado nem o profano existe, mas sim são parte um do outro. E assim é o vampirismo. A natureza, os espíritos da natureza, o espírito humano, os sonhos, a alma, os entes desencarnados ou seja os fantasmas, o reino animal, o homen-animal ou seja o theriano ou lobisomem, os vampiros, tudo, tudo do mais básico ao mais complexo pode ser, e é, uma expressão tanto sagrada como profana.
Os Xamãs conhecem o poder que vem do acto de beber o sangue dos inimigos derrotados e dos animais caçados. Os Xamãs também conhecem o poder da energia pessoal e inter-pessoal e utilizam esta na cura, e não só. Se bem que o Xamã faz mais que se alimentar, pois sabe caminhar e viajar dentro desta corrente energética, o Vampiro faz o mesmo, drena energia alheia do corpo subtil do seu doador e junta esta á sua própria energia aumentando assim a sua vitalidade e poder.

Os sonhos, em particular os sonhos lúcidos, desempenham um papel importante na vida do Xamã e também do Vampiro. Os sonhos ajudam a desvendar realidade e sustem uma ligação com o astral, pois é muitas vezes durante sonhos lúcidos, que tanto xamã como vampiro falam e vinculam com guias, mestres, entes energéticos, astrais, angélicos ou divinos. Os Vampiros Xamânicos são chamados para manifestar a sua natureza caminhando com coragem entre mundos onde as linhas da realidade física se misturam com as do plano astral dos sonhos. Os Vampiros Xamânicos não só se alimentam absorvendo prana, mas também entendem e interagem com esta corrente energética.

Paganismo Escuro, Paganismo Negro ou Neo-Paganismo Negro

O Neo-Paganismo abrange o Politeísmo Helênico, Neo-druidismo, Discordianismo, Wicca e muitas outras vertentes. O Neo-Paganismo Negro em si é um movimento dentro da comunidade magica que tem quase tantas facetas diferentes quanto o seu número de praticantes, mas o que tem certamente em comum é aquela chama escura de gnosis pessoal. Aquele espírito que os chama aos mistérios ocultos e á sabedoria que vem de assomar o abismo. Pois dizem ser nesse mundo oculto e abismal onde se encontram as verdades mais profundas, e é ai onde todos que querem conhecer o seu próprio ego devem ir. Esta escuridão não deve ser temida, porque dentro desse medo, se encontra a ignorância.

O Neo-Paganismo Negro se baseia nas crenças da fecundidade da Mãe-Terra onde não há só os caminhos do dia e da noite, mas sim o caminho da sombra. Escuridão no contexto Pagão não é algo mau e não tem nenhum gradiente moral. Paganismo Negro é um caminho de realismo em vez de idealismo que reconhece a sombra do ego. A sombra, ou o lado escuro, predador que por muitos é temidas e freqüentemente reprimida.

Para o Pagão Negro existem 2 crenças fundamentais: A Polaridade e O Ritmo.
A Polaridade indica que tudo é dual; tudo tem um par de opostos; onde até mesmo os opostos são idênticos na ordem da natureza, e onde todos os paradoxos podem ser reconciliados.
O Ritmo indica que tudo flui, que tudo tem ciclos e marés; todas as coisas sobem e caiem; que ultimamente há um equilíbrio natural e que esse é inevitável.

Para o Vampiro, para alem da escuridão que certamente arde dentro de todos, os princípios de Polaridade e Ritmos são vitais, especialmente da maneira em que procuramos o Crepúsculo Interno ou seja ‘inner twilight’ não só equilibrando a faceta diurna com a nocturna, mas também a teoria e a pratica, a família e a carreira, etc... Muitos Vampiros consideram-se Pagãos Negros, pois deram um passo para além do mero paganismo. Este sistema de convicções oferece o foco perfeito para precipitar não só o Crepúsculo mas também para alcançar uma evolução pessoal espiritual e dogmática.

A Santeria

A Santeria inclui Lucumi, Candomble, Macumba, Umbanda e outras. É um conjunto de vários sistemas religiosos inter-relacionados que funde crenças católicas com Iorubá, a antiga religião praticada por escravos africanos e seus descendentes, que pré-existe o catolicismo.
A pratica da Santeria é secreta e transferida principalmente como uma tradição oral por mentores, ou padrinhos. Estas tradições transmitem a grande tenacidade da vidência Africana, práticas irrompíveis que se alongaram desde o principio das civilizações humanas até hoje, se baseando simplesmente no poder da renovação, assimilação e revitalização eterna. E é esta formidável capacidade de permanência e resistência ao tempo e á oposição que leva muitos vampiros a procurar as verdades espirituais do paradigma da Santeria.

Muito como a tradição da Santeria, as tradições do Vampirismo são também transmitidas oralmente, não só porque há pouco material escrito sobre o tema, mas também porque o vínculo com o mestre, progenitor ou seja ‘Sire’ é necessário, desejado e...reconhecido. A Santaria oferece um entendimento especial sobre o significado vida e o valor da morte, sobre os nossos antepassados, os antigos, a tradição. Para muitos Vampiros, a Santeria é uma ancora de permanência, conforto e poder, uma crença estável e duradoura num mundo caótico e transitório.

Em Conclusão

Estes três paradigmas são só um exemplo de como podemos encaixar o Vampirismo na nossa espiritualidade pessoal. Todos temos elementos espirituais que procuramos preencher, saciar, entender e equilibrar. Mesmo sem nos apercebermos somos entes espirituais. E tudo isto é apenas uma janela de onde podemos observar o mundo com os nossos próprios olhos, que são bem diferentes da grande maioria. Talvez por agora sejamos uma subcultura, uma sociedade crescente, um movimento global com talvez poucos números. Sabemos que não somos nem culto nem seita, pois somos muito mais do que isso, e quem sabe dentre de uns anos poderemos chegar a ser reconhecidos publica e internacionalmente como uma filosofia ou até mesmo como uma religião.
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